quinta-feira, 29 de setembro de 2011


AVISO!
Não sei tirar essa tarja verde horrorosa hehehe

Amor Nuvem



Chagall

Amor Nuvem


Liniers.

Feito pra acabar.


www.ryotiras.com

Chocolate..

Para onde vai o meu amor quando o amor acaba?


Sophie Calle

Ensaio 3

No terceiro ensaio foi lançado um desafio: Todos deveriam apresentar uma performance sensual, fosse lenta e tivesse a duração no mínimo de uma música. Como parte do processo, optei por realizar também uma performance, para me colocar nesse corpo-em-risco junto dos performers. O ensaio foi realizado em um apartamento vazio, sem móveis e à luz de velas. O início do ensaio mais uma vez foi marcado pelo ritual do vinho: duas garrafas inteiras deveriam ser ingeridas em no máximo dez minutos. Após o ritual da bebida deu-se o início da sequência de performances. A primeira a ser apresentada foi a minha, do diretor. Em círculo, comendo uma maça verde, ia caminhando dentro desse espaço oferecendo ora um pedaço, ora uma peça de roupa. Em determinado momento todos vendavam os olhos. Posicionei-me na frente de cada um, nesse momento eu tirava toda a roupa, e colocava a mão desse performer no meu corpo para perceber e sentir um outro corpo nu. Se exijo deles uma disponibilidade psico-física, devo ter a mesma entrega. Deslizava a mão deles pelo meu corpo e ao final retirava a venda dos olhos do performer, que entrava em contato visual com essa nudez. Era lançada a questão: Você tem duas escolhas, ou o beijo mais doce da sua vida, ou o tapa mais forte, e se a pessoa não escolhesse, eu realizaria uma das opções com ela. Beijos na boca, beijos no rosto e um tapa. A sensação do tapa foi muito interessante, pois ela ja era esperada, e ao mesmo tempo entra uma questão do afeto e do desafeto. O afeto pela agressividade, pela dor, pela não aceitação. A sensação de quase humilhação, de frustração. A sensação que permaneceu após foi: o desafeto falou mais alto. Vida e Arte se misturando nas visões e concepções. Se que não foi por maldade o tapa, mas coloco em questão: Por que a agressão? Como seria se eu estivesse no lugar de cada um deles? Não conseguiria dar o tapa..Poderia levantar a mão pra mim, em mim, não para o outro. Incrível a mistura de sentimentos e questões. Após esse momento cada performance pode apresentar a sua versão da sensualidade, o que será relatado por cada um nos próximos posts.

O sabor...ENSAIO 3.


Ela vem suave, mas é como um susto! quando a vejo entro num estado inexplicável.Já não controlo mais nada, corpo, alma, pudor, caráter nada mais me serve.isto é o mínimo que eu tenha que pagar para ter sua presença.
Quando ela me aperta, sinto como se estivesse dentro de um tufão repleto de sentimentos, meu corpo grita, minha alma clama por alguns minutos de sua presença,meu caráter se transforma,meu limite nesta hora já não existe.
melhor de tudo e perceber que ela tem o controle sobre meu corpo,sem ela eu seria apenas um corpo repleto de medo ou até mesmo vazio.Sentir,desejar,odiar,ultrapassar,criar.ela tem o dom de me transformar.
Ela é única, ela é minha, simplesmente minha. A dor . ( Leandro Rocon )




O sabor...ENSAIO 3.



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Selvagem


Jogar o jogo do corpo não é uma aventura fácil. Jogar o jogo do corpo pode ser perigoso. O seu corpo, o meu corpo, o corpo do outro. O meu corpo no corpo do mundo. Quando ouviu a voz de fora que dizia lenta e calma o comando certeiro "toca teu corpo" ela quase teve medo. Mas ela gostava tanto do medo que tentou se forçar àquela sensação... quase nunca se sentia realmente encurralada, então ter medo era um pequeno fetiche. Mas o medo não veio. Pensou que conhecia cada polegada daquele corpo, daquele globo, daquele mapa, daquele terreno que carinhosamente um dia apelidaram de Deserto. "Deserto? Deserto, eu?" perguntou um dia ao moço entre sorrisos e mordidas sem se ofender em ser Deserto, sabia ela de sua condição de Deserto: se sabia árida, quente, por vezes seca e até misteriosa. "Deserto sim senhora" respondeu o moço... "Esqueceu que terra e fogo dá Deserto?"
Voltou. Respirou o corpo. Cheirou o corpo. Lambeu o corpo. Só não pensou o corpo. E as sensações que a punham presa em seu corpo lhe trouxeram a imagem das grandes caravanas que vagavam indômitas por quilômetros de areia e sol. Pra onde iriam? O que buscavam? Seria o caminho o objetivo em si de se perder em desertos de desertos sem fim?
Um olhar ao longe. Um dedo que toca o contorno sutil e arredondado: umbigo. Esse pequeno oásis. E nesse instante ela se sente tão perdida (e gosta) que sussura baixinho o presente secreto que se dá agora e para toda a vida: meu. Meu umbigo é o centro do mundo, meu umbigo é um oásis e essa é a água que não darei a ninguém.
"Se eu pudesse ser de alguém nesse mundo eu seria sua, mas certas coisas apenas não podem ser de ninguém". Relembra o moço por um instante e entende brevemente a solidão de sua liberdade: arredia em sua natureza, ela sabe que terra e fogo não são apenas Deserto, como também Vulcão.

domingo, 25 de setembro de 2011

Ensaio.

Segundo dia de ensaio prático.
Forcei um pouco mais os meninos..mais exaustão.Cada vez percebo que me interesso muito nesse corpo em risco, esse corpo que pode quebrar, danificar, parece que a atenção, o risco gera um estado que eu me interesso.Ver os meninos nessa situação em instiga bastante. Por incrivel que pareça, já no segundo site eles demonstraram um entrosamento muito forte, e uma disponibilidade para se arriscar.
O experimento:
Pedi a cada um que trouxesse uma comida, bebida e um óleo de corpo.Foram varias opções, Sundown, Oleo de Laranja, Bolo, biscoito, uva, melão, doce de leite, entre muitas opções. Alem dessa opção, eu levei duas garrafas de vinho. No primeiro momento, cada um faria um trabalho de olhos fechados, sentindo os volumes do corpo, o cheiro, o sabor. Depois de um tempo improvisando, ainda de olhos fechados, eles deveriam buscar outros corpos pelo espaço, e realizar a mesma proposta, o volume, o cheiro e o sabor. Ao longo do exercício, ia oferecendo vinho a cada um deles, com algumas comidas, cheiros, estimulando-os sensorialmente. Me surpreendeu a desinibição de permitir ser tocado e a coragem em tocar. Percebi que não houve pudor, e a sensação de estar do lado de fora como um voyeur, me colocou numa zona de ansiedade. O meu corpo em risco ao observar aquilo que poderia ir pra qualquer lugar ou mesmo a me envolver. A utilização dos alimentos cria uma imagem maravilhosa a meu ver..Me instiga, e me envolve a mistura dos corpos com a comida. Um momento muito especial foi quando as atrizes ou performers, realizaram um encontro sensual com o corpo semi-nú e molhado..O tocar dos corpos, a proximidade delas era uma sensação quase sexual sem pornografia. Ensaio gratificante e excitante.Ja não sei aonde esse banquete levará.

domingo, 18 de setembro de 2011

Elocubrações

Pano no rosto.
Óleo no corpo.
Abraço.
A dor.
A condução.
Cabelo agressivo.
Disputa gastronômica.
Olhar.
Línguas discursivas.
Animais seguidores.
Sangue.
Regurgitar.
Ovo.
.....

Ensaio.

Realizamos o primeiro ensaio prático. No primeiro momento foi apresentaod um breve resumo do texto O Banquete e da proposta. Foram cerca de 4 horas de ensaio corridos, divididos da seguinte maneira:
- Alongamento.
- Aquecimento.
- Fortalecimento.
- Pesquisa de Movimento.
- Improviso dirigido.

No improviso dirigido experimentamos alguns elementos enquanto estímulo:

- língua.
- cabelo.
- chocolate.
- engatinhar.
- câmera lenta.

O objetivo desses estímulos partiam imagens que iam sendo criadas no momento pelos próprios intérpretes no improviso. Particularmente a cena do chocolate e suas mil utilizações, me inspiraram a aprofundar nesse exercício. Em roda, cada integrante recebia um pedaço de chocolate, e em silêncio deveriam estabelecer uma relação com a comida e com alguém. A imagem do chocolate branco no corpo trouxe ao mesmo tempo uma imagem "nojenta" mas também sensual em alguns momentos, o que me pareceu interessante abordar nos próximos encontros.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PROVOCAÇÃO:

Qual é o teu sabor?

Sobre o processo..

Ao longo da obra O Banquete, Platão nos proporciona um discurso reflexivo sobre o saber do Amor. Etimologicamente o vocábulo saber, vem do latim vulgar sapere, ter sabor, ter bom paladar, sentir os cheiros, de onde migrou para designar o sábio, sabidus em latim, aquele que percebe o mundo de modo organizado, usando os sentidos, a intuição. A partir dessa definição da palavra saber, a proposta do trabalho é utilizar-se desta concepção e definição do saber que se torna sabor, sendo ele, o sabor do conhecimento, o sabor próprio, o sabor do outro, do próprio alimento, o sabor da dor, do prazer, o sabor do erótico, o sabor da competição, o sabor do desafio, trabalhando esses diversos sabores cenicamente e sensorialmente. O ponto de partida então é uma competição, uma experimentação, onde os performers disputarão esse limite dos diversos sabores. Um banquete de objetos, comidas e corpos para se degustar, e ser degustado.