sábado, 8 de outubro de 2011

Ensaio 4

Ensaio agressivo.
O aquecimento hoje foi diferente. Eu quis trabalhar uma concentração e um foco na atenção. Levei os 4 atores de hoje para as árvores da UnB. O objetivo era correr na raíz das árvores, pisando em cada raíz, forçando-se a encarar a instabilidade do solo. Pique-pega, corrida em dupla, tudo o que pode explorar de movimento e ação naquele espaço. Ao retornar à sala, abordei uma discussão a respeito da estados emocionais como objetivo pra essa performance do Banquete. Meu objetivo não é a utilização de personagens e sim estados de presença. Após essa discussão, realizei um exercício performativo criado e trabalhado anteriormente na AntiStatusQuo dirigido pela coreógrafa Luciana Lara. O exercício consiste em colocar no corpo dezenas de pregadores de roupa que o performer deveria retirar sem utilizar as mãos , apenas por meio do movimento. A experiência de assistir e registrar foi bacana por perceber principalmente nos mais novos a raiva, o contato com esse tipo de sentimento ainda não experienciado. Perceber a mudança do corpo com os hematomas, os blocos de vermelhidão espalhados pelo tronco. Registramos principalmente o após do exercício: como ficava o estado emocional do performer que deveria descrever o que estava sentindo naquele instante. Após os pregadores, os quatro performers sentaram em um banco lado a lado. Nesse instante foi solicitado a uma das atrizes que retirasse a blusa para experimentar essa banalização do corpo feminino, o que foi muito interessante pois o sexo virava um "nada" que não era sexual, nem erótico, nem pornográfico. Eles bebiam e comiam sorvete..Davam a comida na boca um do outro. Essa imagem é bem bonita, de dar alimento ao outro, ao mesmo tempo que quase sufocava o outro com a comida...Após esse improviso em duplas, eles estabeleceram relações. Um casal a cada bebida de vinho, se beijava, o outro a cada bebida, se agredia com um tapa no rosto. Essa imagem de violencia e romance era bastante instigante, ainda mais quando o casal do beijo transformou o beijo em mordidas, era erptico, sensual ao mesmo tempo inocente. Os tapas eram agressivos, humilhantes, ao mesmo tempo davam um prazer ao serem observados, cada hora queríamos ele mais forte, mais intenso, mais cruel. Depois o grupo passou para uma nva cena, colocar comida em um corpo deitado e depois devorar essa comida..A imagem me causou uma sensação animal, do corpo como um pedaço de carne. e sendo humilhado novamente. No momento em que a performer ficou em pé lançando a comida no outro performer deitado, causava uma mistura escatológica e nojenta, parecia restos do corpo dela. Após essa cena a experimentação foi feita com sorvete no rosto deixando ele derreter enquanto tinha uma pastilha efervescente na boca, que começa a transbordar um líquido amarelo pastoso. Mais uma vez a mistura de elementos e a nojeira no rosto traduzia uma sensação de expurgo, de liberação. Ao mesmo tempo que é nojenta, a cena traz um interesse pelo bizarro e nojento. Apos essa sessão, o grupo passou para a tarefa de se limpar sem utilizar as mãos, apenas se esfregando. Era essencial perceber que a comida parece ser absorvida pelo corpo, transformando-a em transparência. Foi mutio bom perceber a reação que a comida causa nos performers, que começam a ter ânsia de vômito, ou a querer sair da cena por achar tudo pesado. O limite sendo questionado.Onde termina a arte e onde começa o desnecessário?

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