sábado, 29 de outubro de 2011

Mulher que diz tchau

Levo comigo um maço vazio e amassado de Republicana e uma revista velha que ficou por aqui. Levo comigo as duas últimas passagens de trem. Levo comigo um guardanapo de papel com minha cara que você desenhou, da boca sai um balãozinho com palavras, as palavras dizem coisas engraçadas. Também levo comigo uma folha de acácia recolhida na rua, uma outra noite, quando caminhávamos separados pela multidão. E outra folha, petrificada, branca, com um furinho como uma janela, e a janela estava fechada pela água e eu soprei e vi você e esse foi o dia em que a sorte começou.
Levo comigo o gosto do vinho na boca. (Por todas as coisas boas, diziamos, todas as coisas cada vez melhores que nos vão acontecer.)
Não levo uma única gota de veneno. Levo os beijos de quando você partia (eu nunca estava dormindo, nunca). E um assombro por tudo isso que nenhuma carta, nenhuma explicação, podem dizer a ninguém o que foi.

Eduardo Galeano, em Vagamundo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Moldura



Numa moldura clara e simples, sou aquilo que se vê ...E você ! como se vê ?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


Eu gosto do seu corpo
Eu gosto do que ele faz
Eu gosto de como ele faz
Eu gosto de sentir as formas do seu corpo
Dos seus ossos
E de sentir o tremor firme e doce
De quando lhe beijo
E volto a beijar
E volto a beijar
E volto a beijar

E.E Cummings

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Experimentação:


Pregadores: exercício realizado dentro da ASQ Cia de dança.
Trilha: Cláudio Lins - Espetáculo Dalí.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Experimentação:

Experimentação:


Instinto Animal

Sinto na pele
A saliva da tua língua
Os mamilos duros
A tua vagina
Vem até mim
Vem masturbar-me
Chupar-me até me vir
Vem sem parar
Deixa-me segurar
No teu cabelo
E penetrar
Quero vir-me
Onde estás molhada
Com desejo e pronta
A ser possuída
Sem lutar
Vem ter comigo, vem perder-te comigo, não faço promessas
Mas posso fazer-te perder em orgasmos fulminantes e provares o meu doce esporrar… Leandro Rocon





temores e incertezas



Sinto meu corpo sendo arrastado pelos anos
E a correnteza dos acontecimentos, me fazem flutuar pelos caminhos
Rodeada de temores e incertezas
Vejo no novelo de lã, a esperança de que os dias frios se desencadeiam.
De que a garoa se estabilize e faça presente nos nossos contos!
Vislumbrar as desvairadas damas soteropolitanas
E me alimentar dos cheiros doces que exalam de seu corpo esguio!
Finalmente recuperar a essência de me sentir vivo e de ainda sentir fascínio pelo novo!
Shirley Souza! Leandro Rocon ...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ensaio 5

Ensaio mais leve..Creio que ao passar do tempo, dos ensaios, começou a surgir uma inquietação de como transformar tudo isso em "cena". Confesso que passei a semana pensando em começar do zero, ir para algo mais firme a meu ver. "Ceninha" bonitinha, bem feitinha, redondinha. Porém escutando a trilha, e relendo todas as anotações, confesso que a cabeça deu um nó, uma explosão, e depois virou a calmaria. A meu ver, esse discurso de Platão é uma destruição do Amor. No momento em que defino que isso é amor e isso NÃO é amor, transformo em palavras uma sentimento, ou melhor, traduzo intersemioticamente uma experiência pessoal. Cheguei a definição de que todo aquele discurso platônico sobre o AMOR, nada mais é do que uma destruição do próprio numa tentativa de construção. Eis que surge uma luz à criação. As experiências começaram a seguir uma linha mais destrutiva do amor, do tesão. Não me interessa falar do amor nuvem, por mais que eu ache lindo, prefiro ir no conflito, naquele ponto o qual as pessoas pulam: o sexo. Todos sentem prazer, tesão, se masturbam, já assistiram algum filme pornô, já pensaram coisas proibidas, enfim, todos já passaram pela zona proibida ou não falada, pelo menos nós do elenco, rsrs. Como exercício, pedi a todos que apresentassem cenas românticas, e todas, exceto a de um dos performers, seguiu a visão do amor nuvem, que apresentava uma coisa quase "brega", e isso era bacana de ver, pois mesmo os que rezlizavam a cena demonstravam aquela sensação de: Que coisa brega eu estou fazendo? Por causa dos elementos, dos textos, das intimidades utilizadas como cena. Não era ruim, até por que acredito que tudo é material, sem julgamentos de valor, mas esse brega é como eu enxergo esse amor nuvem, enquanto diretor. Foi um bom experimento, até por que saíram coisas bem diferentes e que podem ser utilizadas, e mesmo não sendo usadas, serviram enquanto exercício artístico. O aquecimento foi com brincadeiras infantis, subir em árvore, pique-pega na árvore, pique-alto, jogos que exigiam fisicalidade, porém também cumplicidade entre eles. Dentro da sala, realizamos o exercício do cego, onde o grupo inteiro, exceto um integrante, fecha os olhos e andam pelo espaço, deixando toda a responsabilidade de não bater na parede ou entre si, naquele que permaneceu de olhos abertos. Bem proveitoso, algumas batidas, mas confianças reforçadas. Após esse exercício, realizei um percurso em câmera lenta, dificuldade já demonstrada pelo grupo todo. Durante o exercício fui tranformando-o naturalmente em cena, onde alguns integrantes filmavam outros que buscavam seduzir as câmeras de quem o assistia (esse da câmera de filmagem é realizado dentro da Cia AntiStatusQuo, porém com outra versão). Primeiro uma das meninas utilizava essa sensualidade, e durante sua cena molhei todo o cabelo dela. Uau! A cena ganhou uma dimensão enorme!Ela permaneceu quase 40 minutos apenas jogando cabelo no corpo, e usando as câmeras. Durante a cena dela outra performer mulher se uniu a ela. Eram duas mulheres explorando a fisicalidade, a expressividade e a sensualidade feminina. A partir desse momento naturalmente as cenas e propostas iam surgindo. Cada momento um integrante se unia ao improviso. Certo momento eram dois homens e uma mulher, todos bebiam o vinho, a quantidade que quisesse, e interagia. Momentos de submissão, sensação de voyeur, de humilhação, de provocação, e a percepção de que apenas o insinuar tem o peso na cena, não precisa realizar o ato, mas a provocação em si já é o bastante e interessante. Certo momento o jogo ficou mais forte com a agressividade. Um dos performers permanecia de olhos vendados enquanto outros poderiam abordar seu corpo da maneira que quisesse. As reações agressivas, mais tensas foram bem bacanas também. Outro experimento bem forte foi com a tinta. dentro de um pote os performers mergulhavam o rosto, esfregando-o e lambuzando-o totalmente dentro do pote. Ao levantar, sem blusa, a tinta ia escorrendo pelo pescoço, peito, traçando veias escuras ao mesmo tempo em que se colocava um ovo cozido dentro da boca. A medida que o ovo ia sendo mastigado, e caindo pela boca, por cima da mancha preta, surgia uma sensação fúnebre..Pra mim essa imagem era a destruição da vida, do outro, do amor..Ou eu destruo o amor, ou ele me destrói.

Experimentação:

Veja-me



Nada que seja cômico na metade de uma maçã , cômico seria tomar por maçã inteira a metade de uma maçã, não há contradição no primeiro caso, há apenas no segundo.Se tomarmos a sério o dito de a mulher é a metade do ser humano, a mulher não nos parecerá cômica na estranha situação do amor.O homem , pelo contrário , que goza de consideração social porque é um ser completo, torna-se cômico quando de repente se deita a correr em busca da mulher e prova assim que não deixara de ser apenas metade do ser humano. quanto mais refletimos tanto mais nos parecerá divertida a situação, porque se o homem é realmente um todo,na situação de amante deixa de o ser, ou então forma com a mulher muito mais que uma unidade. Não estranhemos pois que os deuses se divirtam, à custa do homem. Quando os amantes, como dois pombinhos, voam pelos céus em núpcias deliciosas, podemos acreditar que eles querem uni-se, ser uma unidade, já que dizem querer viver um para o outro pelos tempos sem fim.Mas -é curioso , em lugar de viverem um para o outro , vivem, sem que disso suspeitem, apenas para a espécie. Que é uma consequência?Se,quando surge, não podemos relacionar com a antecedência, parece-nos então uma brincandeira, e as pessoas a quem tal acontece tornam-se muito ridículas.Quando duas metades, que estavam separadas, finalmente se juntam, parece que nisso encontram satisfação e motivo para repouso,assim não é, porém, no amor, do qual resulta a agitação para uma vida nova. Sr KIERKEGAARD. Leandro Rocon

O Amor e a Moça

Pinta os lábios para escrever a tua boca em mim.

O Que Houve com o Nosso Amor?



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Grande Museu das Inutilidades


Todas as coisas espalhadas pelo chão do quarto demonstravam quem eu era. Os papéis jogados, as roupas amassadas, as cartas esquecidas, a poeira acumulada faziam parte do quebra cabeça caótico e evidente que eu me tornava. Às vezes acredito que as coisas nossas não falam apenas de nós como para nós também. E aquelas coisas bagunçadas eram o sinal claro do abandono que morava em mim. As coisas não estavam certas. Eu, que sempre fui tumulto, sentia a necessidade real de colocar as coisas em gavetas, as coisas, as pessoas, os sentimentos. Cada coisa em seu lugar. Colocar na caixa dos papéis todos os papéis, separar a roupa suja, a cara limpa, as mãos vazias, jogar fora tudo aquilo que não cabia mais. Ou escolher aquilo que não serve, mas que merece ser guardado com carinho e cuidado. Talvez algumas coisas não precisem de gavetas e sim de baús. Outras muito poucas merecem redomas, relicários.
Mas com tudo confuso, jogado, é difícil definir ou perceber o que realmente tem valor. Escolher o lugar, decidir onde ir: "e você, bilhetinho tão antigo, lixeira ou coração?" E se eu errasse? E se conservasse tudo aquilo que era inútil? No fundo foi isso que sempre fiz: construi um grande museu de inutilidades. Estava cercada de tudo o que importava, mas que nada valia.
De repente tudo fez sentido. Entendendo a lógica daquele lugar foi parar concretamente na dimensão do invisível. Meu quarto se tornou onírico e enorme, eu olhava para o alto e não conseguia enxergar o fim. Era a concretude da metáfora, eu estava no Grande Museu das Inutilidades.

No Grande Museu das Inutilidades moravam coisas velhas e coisas muito muito velhas. O Grande Museu das Inutilidades tinha muitas galerias. Na Galeria das Palavras moravam os elogios não ouvidos, as lembranças escritas, os bilhetes secretos, os falsos gemidos e os amores sussurados. Na Galeria das Palavras encontrei um caderno escrito GRAÇA com uma frase entre parenteses na capa que dizia "Me senti agraciado". Dentro do caderno estavam todas as vezes em que fui segura, leve e graciosa. Santa Eu mesma Cheia de Graça. O caderno cheirava a vento e tinha gosto de boca. Quando aberto revelou o dia em que amei o Poeta, a noite em que dancei de salto pela primeira vez, meu corpo nu na piscina numa tarde muito quente.
Respirei com gosto de delícia. O caderno se fechou.
Subindo e subindo escadas me vi dentro do Salão do Movimento. Era sorte estar ali, pois como o próprio nome sugere, essa ala do museu mudava sozinha de lugar. Dentro dele estavam grandes quadros que mostravam cenas curtas, todas com a mesma legenda:
"Movimento: do latim movimentu, ato de mover, trocar de posição. Mudança pela qual um corpo está sucessivamente presente em diferentes pontos do espaço. Ação, variedade, animação"

Nos quadros a queda de bicicleta que me rendeu um braço quebrado e um gesso no braço e desenhos no gesso. As borboletas miudas e os peixes multicoloridos que me saltavam infinitos e incontroláveis dos cabelos, do vestido, do sexo, da boca, toda vez que a minha primavera chegava. A queda no cascalho. O choro no meio da chuva. O amigo que dançava balé. Estava tudo lá. Abandonei minha condição passiva de visitante e comecei a girar contagiada pelo ritmo, caindo assim na armadilha da sala que se moveu ardilosa para outro lugar.

Explorei todas as galerias. Na Ala do Desalento encontrei as cartas que nunca mandei. No Hall da Vergonha as minhas feiuras, o medo de errar, a resistencia em sorrir pras fotos, os dentes tortos.
Minhas memórias: minhas memórias inventadas. A invenção colossal da realidade.

Nas Memórias Inventadas o mercado de pulgas dançarinas, a estrela que nunca fui, o navio pirata que me carregou pelos sete mares: tudo que me tirava a certeza, tudo o que era deliciosamente fabricado. O Banquete infinito do meu desejo... Nas Memórias Inventadas uma caixa escrito Desamor e dentro dessa caixa estava você.

.Bárbara Figueira.

Pensando.


Kylie Minogue - All the lovers.

sábado, 8 de outubro de 2011



O Anticristo - Lars Von Trier.. O clima, a dinâmica, o amor, o sexo, e a perda. Qual o limite do intérprete?

Os Idiotas - Lars Von Trier


E quando nos sentimos ridículos ou idiotas? Trecho do filme OS IDIOTAS de Lars Von Trier.

Ensaio 4

Ensaio agressivo.
O aquecimento hoje foi diferente. Eu quis trabalhar uma concentração e um foco na atenção. Levei os 4 atores de hoje para as árvores da UnB. O objetivo era correr na raíz das árvores, pisando em cada raíz, forçando-se a encarar a instabilidade do solo. Pique-pega, corrida em dupla, tudo o que pode explorar de movimento e ação naquele espaço. Ao retornar à sala, abordei uma discussão a respeito da estados emocionais como objetivo pra essa performance do Banquete. Meu objetivo não é a utilização de personagens e sim estados de presença. Após essa discussão, realizei um exercício performativo criado e trabalhado anteriormente na AntiStatusQuo dirigido pela coreógrafa Luciana Lara. O exercício consiste em colocar no corpo dezenas de pregadores de roupa que o performer deveria retirar sem utilizar as mãos , apenas por meio do movimento. A experiência de assistir e registrar foi bacana por perceber principalmente nos mais novos a raiva, o contato com esse tipo de sentimento ainda não experienciado. Perceber a mudança do corpo com os hematomas, os blocos de vermelhidão espalhados pelo tronco. Registramos principalmente o após do exercício: como ficava o estado emocional do performer que deveria descrever o que estava sentindo naquele instante. Após os pregadores, os quatro performers sentaram em um banco lado a lado. Nesse instante foi solicitado a uma das atrizes que retirasse a blusa para experimentar essa banalização do corpo feminino, o que foi muito interessante pois o sexo virava um "nada" que não era sexual, nem erótico, nem pornográfico. Eles bebiam e comiam sorvete..Davam a comida na boca um do outro. Essa imagem é bem bonita, de dar alimento ao outro, ao mesmo tempo que quase sufocava o outro com a comida...Após esse improviso em duplas, eles estabeleceram relações. Um casal a cada bebida de vinho, se beijava, o outro a cada bebida, se agredia com um tapa no rosto. Essa imagem de violencia e romance era bastante instigante, ainda mais quando o casal do beijo transformou o beijo em mordidas, era erptico, sensual ao mesmo tempo inocente. Os tapas eram agressivos, humilhantes, ao mesmo tempo davam um prazer ao serem observados, cada hora queríamos ele mais forte, mais intenso, mais cruel. Depois o grupo passou para uma nva cena, colocar comida em um corpo deitado e depois devorar essa comida..A imagem me causou uma sensação animal, do corpo como um pedaço de carne. e sendo humilhado novamente. No momento em que a performer ficou em pé lançando a comida no outro performer deitado, causava uma mistura escatológica e nojenta, parecia restos do corpo dela. Após essa cena a experimentação foi feita com sorvete no rosto deixando ele derreter enquanto tinha uma pastilha efervescente na boca, que começa a transbordar um líquido amarelo pastoso. Mais uma vez a mistura de elementos e a nojeira no rosto traduzia uma sensação de expurgo, de liberação. Ao mesmo tempo que é nojenta, a cena traz um interesse pelo bizarro e nojento. Apos essa sessão, o grupo passou para a tarefa de se limpar sem utilizar as mãos, apenas se esfregando. Era essencial perceber que a comida parece ser absorvida pelo corpo, transformando-a em transparência. Foi mutio bom perceber a reação que a comida causa nos performers, que começam a ter ânsia de vômito, ou a querer sair da cena por achar tudo pesado. O limite sendo questionado.Onde termina a arte e onde começa o desnecessário?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Maldita Vênus em Capricornio (ou um conto erótico sem nenhuma sacanagem)

Era estranho porque dessa vez bastou uma coincidencia para que ela acreditasse. Saindo de algum lugar que não se lembrava mais onde era, entrou no carro decidida a ir pra casa. Escutava Tom Waits e sem saber porque quis voltar. "With charcoal eyes and Monroe hips" dizia a canção sobre essa moça, "Well I hope that I don't fall in love with you" cantavam seus lábios sem saber que previa cantarolando todo o amor que iria sofrer. Sofrer de amor, morrer de amor sempre existiu.
Estacionou num lugar barulhento, muita gente, estranhos lhe acenavam e enquanto a mulher negra cantava no palco com sua voz potente, enquanto uma jovem fumava um cigarro pela primeira vez, ela esbarrou no moço de dreads. Todas as garotas do lugar o desejavam. Ela não. Ela nem notou. Ela nem percebeu que aquele era o "cara lindo da banda totalmente demais". Ela nem sabia que uma semana depois seriam companheiros de trabalho, ele o novo ator, não sabia que dividiriam a cena, a dança, a música, a maquiagem, a água... que um mês depois a água dividida seria a da saliva da boca molhada no meio da seca daquele lugar. Depois da boca, a cama, o carro, e mais uma vez o palco, e mais uma vez o abraço, mas nunca nunca o amor.
Eram dois bichos, nunca fizeram amor, o amor é que os fez selvagens, indomáveis entre gritos primitivos e olhos que nunca paravam de se olhar. Eram livres, ele em sua mansidão linda e doce que revelava vez por outra um desdém que ela preferia não conhecer. Ela, dona de si, das suas contas, da sua música, dos seus sapatos, dos seus pés calçados em flor e cetim, dos seus cabelos, do seu humor ácido, sagaz, cruel. Dizem por aí que todo mundo quer viver um grande amor... desses que Hollywood ensina pra gente, desses de tirar o fôlego, o ar, os pêlos, desses de querer pra sempre. Eles não, ao menos não um com o outro. Sabiam de si, sabiam de si com o outro e do outro com o mundo: ela não podia ser de ninguém e ele só podia ser do mundo inteiro.
Vieram saídas, passeios, gargalhadas em dias de sol entre sorvetes que sujavam a boca inteira. Vieram histórias, vieram conversas, trocas, subidas silenciosas em árvores altas, banhos no lago, pés na água enquanto olhava aquele corpo tão tão bonito... veio um dia um "eu adoro essa música, dou ela pra você" respondido com um "a gente podia viajar, né?" e aquilo que era tão constante e tão despretensioso começou a crescer, e a pesar.
"Respirar e regar, pra crescer todos os dias". Mas aí aquele sentimento sem nome começou a tomar espaço demais."Não é natural?" todos diriam. Mas não, não se crescesse em apenas um deles. E nessa loteria do azar a escolhida foi a moça. "Não, não, não!!!!" ela repetia. Queria ser divertida, queria continuar brisa, raio de sol... nuvem não. E agora que estavam tão próximos porque estragar tudo com o egoismo de um sentimento tão sozinho, tão dela?
Não, não, não.
E se esforçava a cada encontro para parecer tranquila, falava de mil homens enquanto seu coração só sussurava "escolhe eu."
Chegou a tentar falar, mas ele talvez pressentindo a carga enorme que a sinceridade traz em si, ignorou. Não por maldade, mas por mansidão, aquela mansidão que ela já não achava mais tão bonita assim. E foi embora sozinho esse moço, pro show que prometeu assistir com ela.
"Não destruir nada". Decidiu com um sorriso falso. "Ok, está tudo bem" foi a solução estúpida que encontrou para que nada desmoronasse, além dela mesma.
Engoliu a seco. Era forte. "Isso um dia passa", pensou como todo fraco faz.
Aumentou o volume da TV assistindo ao show, mas sem olhar nunca pro rosto da platéia, receando encontrá-lo na multidão. Em algum bar de esquina, Tom Waits geme rouco "Well I hope that I don't fall in love with you".
E ela nunca ia permitir que ele soubesse.

http://www.youtube.com/watch?v=sdy4ell_dtM

Sentidos




olfato, paladar, tato, visão e audição.
o que fazer com eles ?? entregue-se e saberás .

terça-feira, 4 de outubro de 2011

PROVOCAÇÃO:

O que te excita?

ALGUMAS RESPOSTAS:

- Olhares acompanhados de silêncios, um toque firme e inesperado, lugares proibidos e pessoas proibidas.
- Funk, olhares provocantes, beijo no pescoço e na orelha, batom vermelho, putaria no ouvido.
- Falar besteiras com a pessoa certa.
- Falar palavras eróticas ao ouvido.